É deste misto de coloquialidade e escrita detalhada, plena de trabalho criativo, que vive este livro de estreia, anunciando uma voz literária em português que ainda nos vai trazer muita felicidade.
Carmen Santos e Luís Lima Barreto conseguem tornar credível uma conversa com fantasmas, um conjunto de cadeiras vazias onde imaginariamente dois velhos sentam os seus convidados.
A narrativa é construída no espaço liminar entre o silêncio que emudece e o momento em que as personagens parecem estar prestes a falar, a agir, ou até a morrer, o momento em que deixam de ser “uma ilha pequena, sem arquipélagos, e à volta o oceano desconhecido e um nevoeiro tão denso” (72).
Sabujo é a prova de que o teatro não se mede aos palmos e a verdade se encontra nos lugares mais insuspeitos.
Enquanto reflexão ética sobre culpa, consciência e responsabilidade, esta é uma peça que vale a pena ser vista e discutida, porque o texto é muito interessante e a encenação adequada à sua dimensão.
Camada sobre camada sobre camada, estamos lá sempre, até ao destino final. E quando lá chegamos, constatamos o óbvio do mais óbvio: Mário Coelho e quem com ele trabalha são do melhor que está a acontecer na cidade de Lisboa. Muito obrigado.
Mais um concerto para guardar no álbum de memórias, na esperança de que o regresso a Portugal não tarde, talvez a solo, com o “seu” Bach ao piano.
…o ponto mais forte deste livro é, sem dúvida, a qualidade das descrições. O ambiente é soturno, com pouca ou nenhuma cor, sombras carregadas e um sfumato constante ligando tudo.
Em The Swimming Pool Party todos os ingredientes estiveram presentes: a graça, o contraste dos vários elementos, os diálogos e a história, o mistério e a imprevisibilidade, a profundidade e a verdade dos personagens, a capacidade de improviso, a proximidade do público e o talento dos actores. Talvez fosse difícil pedir mais.
O trabalho de Samuel Úria nunca desilude. Jogos de palavras inacreditáveis, letras fortes e nem sempre fáceis, mensagens inteligentes, cruas e provocadoras, sonoridades de arrepiar.