Ao olhar a enguia, podemos entender como destruímos em nome da descoberta, como comemos animais em nome da tradição, como dependemos vastamente de animais que, tal como a enguia, continuariam a nascer e a morrer no Mar dos Sargaços sem que perturbássemos irreversivelmente o seu curso.
“talvez seja esse mesmo trauma transgeracional que habita n’Essa Gente, gente que escreve e sobre quem se escreve, que coabita na mesma cidade marcada por festas e atos de violência sem nunca verdadeiramente se cruzarem”
Da obra de Sarah Kane ainda brotam girassóis.
Deixa-te de Mentiras é uma poética elegia aos amores vividos em segredo, a um homem vencido pela auto-repressão e à memória dos que desapareceram, mas também uma lembrança dos obstáculos à felicidade e à liberdade sexual…
Olga é um olhar sobre a experiência universal da guerra, de quem espera e de quem morre, assim como o retrato de uma mulher como espelho da condição feminina, das expectativas com que a sociedade a sobrecarrega, assim como as suas pequenas transgressões e atos de resistência.
Cai a Noite em Caracas é um romance sobre árvores: a genealógica, que nos prende, em vida e na morte à nossa família, a de sangue ou a escolhida; a árvore cujas raízes nos prendem ao país onde nascemos e que por vezes exigem ser cortadas; a ameixeira de carocinho que cresce no quinta da …
MDLSX não é um funeral mas antes um adeus ao género, às categorias e aos binarismos, em forma de hino elegíaco mas também de celebração de uma forma de fazer género(s), ao mesmo tempo que convoca para o palco outros textos para além da escrita do corpo.
“Não teorizar é também teorizar. O Manifesto Contra-Sexual de Preciado, ancorado em textos canónicos de nomes facilmente reconhecíveis, é um texto radical e agradavelmente (im)perfeito, que pretende “evitar o fechamento do discurso académico, embora continuando a utilizar algumas das suas ferramentas críticas para compreender o que fora excluído dele…”
A narrativa é construída no espaço liminar entre o silêncio que emudece e o momento em que as personagens parecem estar prestes a falar, a agir, ou até a morrer, o momento em que deixam de ser “uma ilha pequena, sem arquipélagos, e à volta o oceano desconhecido e um nevoeiro tão denso” (72).
“Chamavam-lhe Grace é um ensaio sobre a condição feminina, os mundos solitários das prisões e hospícios e ainda da origem da ciência moderna, dos primórdios do estudo do comportamento humano, a necessidade de matar e a regeneração de quem aprende a mentir, dissimular e esconder para sobreviver. “