A leitura e releitura desta novela revela até que ponto foi eloquente a carta que, em 1922, Kafka escreveu a Max Brod, em que afirmava com uma clareza fria como gelo, cortante como o fio de uma faca (Nabokov descreveu o tom da escrita de Kafka como «preciso e formal» [Aulas de Literatura]): «Toda esta escrita não é outra coisa senão a bandeira de Robinson no ponto mais alto da ilha.» (p.21) A Metamorfose ocupa um lugar só seu, um pódio indisputado. Porque a corrida foi solitária, e ninguém ganhou. Só a perda, a desolação e o desespero ficaram, ex aequo, em primeiro lugar.
Análise lúcida dos mecanismos que originam e condicionam a opressão Reflexões sobre as Causas da Liberdade e da Opressão Social é uma crítica informada das propostas teóricas, políticas e económicas que a precederam e consigo coexistiram.
Em O Coração das Trevas – um romance que, na sua brevidade, poderá ser tido como, porventura, um dos pontos de mais sublime concisão em toda a obra conradiana –, os mistérios da navegação fundem-se com o magno desconhecido que é Kurtz. Espécie de protagonista in absentia, centro fantasma de toda a narração.
Defesa intransigente da emancipação feminina, Uma Vindicação dos Direitos da Mulher é um longo libelo contra um estado de coisas que a mera inércia, a passagem demasiado sossegada do tempo e o medo fizeram prevalecer. Que a sua acção faça ainda sentido, eis não apenas uma nota de intemporalidade de um clássico, mas a pertinência histórica de um legado ainda por cumprir integralmente: a condição feminina.
Dois Irmãos é uma exploração notável de um conflito pessoal, familiar, que a escrita de Hatoum torna universal e humana, mais do que individual. Centrado no universo de uma família marcada pelo desequilíbrio e o excesso, o romance ergue-se diante de um panorama complexo de amores desorbitados, avassaladores, deslocados.
O romance de estreia de Yaa Gyasi é um projecto ficcional arrojado, que se espraia por séculos de História, suficientemente documentado para não ser uma fantasia ociosa, mas estribado num poder evocativo e de efabulação que transcendem a mera reprodução histórica.
A encenação de Kuniaki Ida deste clássico da modernidade segue os ditames disseminados pela obra dramática e teórica de Bertolt Brecht. Em vez de projectar uma ideia de verosimilhança «naturalista», que criasse aquilo que a tradição poderia chamar «ilusão cómica», as opções do encenador vão no sentido de um certo esquematismo. Deliberadamente, este posicionamento deixa …
O livro de Neil Gaiman é um reconto. Um reconto que se divide por várias narrativas sobre a génese, o apogeu e declínio dos deuses.
“O estilo de Mário de Carvalho consegue ser sumptuoso, inventivo e denso…”
“Em cena, estão duas peças que fazem do universo familiar um campo de batalha.”