Queer Porto 2018 – Teatro Municipal Rivoli

No final do filme, ouvem-se narizes a fungar, aquele tossir que tenta esconder as lágrimas e o plástico de pacotes de lenços de papel, numa manifestação física e emocional da influência do cinema e da importância de ver representações (mais positivas) de indivíduos queer na tela, assim como do poder de nos sentarmos no escuro do cinema em comunidade.

Psicopátria

Exaltamo-nos fazendo de conta que a portugalidade nunca fez mossa a ninguém, que é fofinho e enternecedor o tal retângulo ajardinado com gente boa e simpática de vinho sobre mesa. É claro que eu partilho do júbilo pela vitória no europeu de futebol ou em qualquer conquista nacional, mas não é isso que está em questão. Do que aqui falo é da patologia que, a partir de eventos desse tipo, adquire contornos psicossomáticos coletivos, a portugalidade, que não é uma característica inofensiva.

E tu, onde estás?

Por um acaso do destino, assisti na mesma semana e em dias seguidos, a “Na via láctea”, de Emir Kusturica, ainda em exibição no recém-aberto Cinema Trindade, e aos dois espetáculos do Foco Deslocações, no Teatro Municipal do Porto (Campo Alegre), respetivamente por Dorothée Munyaneza, do Ruanda, e Mithkal Alzghair, da Síria.