home LP, MÚSICA Lince – CAE Figueira da Foz, 16/3/2018

Lince – CAE Figueira da Foz, 16/3/2018

Estudou artes plásticas, dança e música mas foi esta última paixão que falou mais alto. Ex-vocalista e teclista dos We trust e do projecto There must be a place, a vimaranense Sofia Ribeiro, de 31 anos, apresenta-se agora a solo, com o nome artístico de Lince e foi assim, sozinha, que surgiu no passado dia 16 de Março, no Jardim Interior do CAE da Figueira da Foz, para o terceiro Concerto-After Movie.

O nome, diz, sugerido por dois amigos, é um apelo ao seu lado mais felino: um lado activo, independente, misterioso e solitário. E essa solidão que refere, reflecte-se bem na sua música, de toada nostálgica e melancólica.

Começou a aprender piano para poder acompanhar a voz e compor sozinha. Há três anos, Sofia sonhou com uma melodia. Acordou com ela na cabeça e, sem a conseguir apagar, começou a compor. Desse sonho resultou a canção Earth Space que, juntamente com Call me Home, foram a estreia da cantora, nesta sua veste a solo, no final de 2016.

O universo de Lince é um universo muito particular, marcado pela voz de soprano da cantora, a que se vão juntando outras “vozes espaciais”, sintetizadores e um sem número de efeitos. E Lince é esta dualidade: ao canto lírico e piano (instrumento que forma a base melódica das canções), que marcam o lado mais clássico da sua música, juntam-se os sintetizadores, elementos disruptivos, de possibilidades quase infinitas para pintar aquelas composições.

Na noite do dia 16, a voz melodiosa de Sofia e as suas canções de um pop sonhador funcionaram como um íman para as dezenas de pessoas que se encontravam no CAE da Figueira da Foz.

Durante a hora que durou o concerto, Sofia foi intercalando as canções já conhecidas do público, editadas no seu EP Drops (trabalho que define como sendo “as primeiras gotas, um primeiro chegar” seu. “Um aparecer, quase como se fosse o levantar de um pano…”), com outras ainda inéditas e que irão fazer parte do seu primeiro álbum, a ser editado durante este ano.

Ao longo do concerto, Sofia foi trabalhando o som em directo, explorando com os pedais do sintetizador diferentes cambiantes do mesmo, acrescentando à simplicidade pop das canções camada sobre camada, numa viagem tranquila e sedutora. Ao mesmo tempo, ia interagindo de forma fácil com o público que, da mesma forma, lhe respondia.

Aos primeiros acordes de Call me Home o público reagiu. Reconheceu a canção. Uma canção de amor simples, com uma mensagem fortíssima (“take my skin off of me, I want to feel how your lips touch on me, I want the pain to hold, but you call me home, you call me home…”). Deixámos de ver a Sofia, menina e bem-disposta, para termos em pleno no jardim do CAE, Lince, mulher sedutora, envolvida e perdida na sua música, no seu mundo. Sentimos a sua perda, no sofrimento que perpassa o tema. Um arrepio com as palavras finais ( “You’d love to see me fall…”), ditas com a certeza de quem não se deixará cair e, depois, apenas o silêncio.

O quarto e quinto tema, inéditos, surgem mais animados e Sofia incentivou à dança, dizendo: “As minhas músicas são calminhas mas estas dão para dançar. Aproveitem que isto já acalma outra vez”.

Earth Space precede a última canção e a viagem do dia 16 termina com um inédito, cuja sonoridade ecoa ainda durante uns segundos após o seu final pelas paredes do CAE (“I´m now, I´m ready to go…”), e com o público encantado com a simpatia e doçura de Lince.

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