Que dizer sobre quem já tudo foi dito? O próprio Charles Bukowski não se eximia de o fazer, conhecido como fanfarrão profissional, misógino e depravado, mas cuja escrita mostra uma faceta oculta dessa hagiologia criada em torno de todos os detalhes da sua vida. Factotum (Alfaguara, 2017) é o 2º romance publicado da sua vasta …
George Saunders foi e é um dos protagonistas do resgate da modorra irónica, egocêntrica e estilisticamente centrada, comum a muita da literatura de finais séc. XX/inícios séc. XXI, devolvendo-lhe o papel de mediação entre o leitor e o Mundo.
André Malraux penetra nas trevas da memória e da História, focando-se no que de transversal (e logo empático) se abriga na angústia dominadora da violência e da fé cega nos ideais, esmagados e submissos aos interesses de quem conhece a integralidade das regras da Arte da Guerra.
“Há poetas que escrevem uma obra. Outros são a obra que poderiam ter escrito. Quando estes morrem, as suas obras ficam completas. O que deixarem escrito são as sobras.”, prefacia Helder Macedo.
Esta é uma das “Sobras” de José Manuel Simões.
Lido “Esse Cabelo” (Teorema, 2015), ocorre-nos um trecho de Herberto Helder sobre o estilo, que abre o excelente “Os Passos em Volta”. Reza assim: “(…) o estilo é um modo subtil de transferir a confusão e violência da vida para o plano mental de uma unidade de significação.(…) pegamos nela, reduzimo-la a dois ou três …
“Tu existes. Tu Importas. Tu tens valor. Tens todo o direito de usar um gorro, de ouvir música tão alta quanto quiseres. Tens todo o direito de seres tu. E ninguém deverá impedir-te de seres tu. Tens de ser tu. E nunca podes ter medo de seres tu.” Visto o vídeo, lida a citação, peguem …
“(…) dois adolescentes que acabavam de sair de uma sessão de cinema sentaram-se à minha frente. Um deles estava a explicar ao outro que o filme que tinham visto (…) estava muito próximo da realidade: era quase tudo verdade. (…) – Já viste a quantidade de filmes que têm estreado e que são baseados em …
“Como em todas as grandes obras de arte, o trabalho primordial cabe ao seu destinatário: o espectador. É deste que se espera, senão a empatia, pelo menos a curiosidade e a formulação de dúvidas legítimas, perante verdades tidas por absolutas e propaladas como óbvias, mesmo quando a factualidade envolvente indica a sua negação categórica.”
Jerónimo Pizarro, aqui em co-autoria com Patricio Ferrari, com a ajuda da Tinta da China (que o edita desde que iniciou a sua pesquisa), veio trazer uma nova abordagem à obra de Fernando Pessoa, no sentido de uma dessacralização dos estudos pessoanos, já cristalizados e nem sempre satisfatórios ou sequer cientificamente inatacáveis, e da própria …