Nesta estranha época em que o espaço se fechou e o tempo é líquido como num Dali, porquê correr atrás da novidade como se ela se dissolvesse no momento seguinte? Se há luxo que este “novo normal” permitiu aos privilegiados de que faço parte, é o tempo para pensar e escrever coisas aparentemente inúteis e …
Estes quatro não sabem errar, e as suas músicas sem refrões assobiáveis ou coros marcantes vêm carregadas de melancolia, mas também libertação, aquela esperança vã de que falar dos elefantes na sala de tantos possa ser o segredo para a felicidade.
No espaço Maus Hábitos, em noite de aura romântica, definitivamente fomos brindados com as “piores” companhias: um ambiente tranquilo, muito pacífico e agradável recebeu Sambado e a banda. Se a Maternidade deste homem a sério já vai longa, que se prolongue por tempo indeterminado.
Música de encontros e desencontros, manteve intacta a sua matriz introspectiva e nostálgica, convidando o desejo oculto finalmente segredado e a dança bem colada para cristalizar cada palavra e acorde.
Com uma carreira de cerca de dez anos, deram um concerto de inspiração soberba.
Ao longo de quase três horas de concerto que vi uma Madonna imperfeita, mas por isso mesmo, humana, genial, uma autêntica curadora ferida.
O Musicbox ouviu um Keso entregue e que flutuou seguro nas suas sonoridades sem receios nem fronteiras, onde há cinema e filosofia, estados de alma e diversão, samples cuidados e atenção ao detalhe.
A cantora sai de cena e há um ambiente fortíssimo na sala. Toda a gente sorri pelo que ali viveu. Ninguém sai como entrou depois daquela hora e meia de culto.
Hannon está realmente no seu melhor, cercado por músicos exímios (lembrando as agradáveis harmonias um verdadeiro barbershop quartet), que servem de plataforma perfeita para a sua maravilhosa faixa lírica e vocal…
Mais um concerto para guardar no álbum de memórias, na esperança de que o regresso a Portugal não tarde, talvez a solo, com o “seu” Bach ao piano.