home LP, MÚSICA Nick Murphy – Coliseu dos Recreios, 1/10/2019

Nick Murphy – Coliseu dos Recreios, 1/10/2019

Nick Murphy, Chet Faker, Who Cares? O Coliseu dos Recreios esgotou, aqueceu como uma noite de verão e convocou um público heterogéneo, tanto em estilo quanto em faixas etárias. Nick Murphy estava de regresso.

Quinze minutos antes da hora marcada para o início do concerto, Cleopold, sob olhar atento do seu atual produtor Nick Murphy, faz meia hora de aquecimento que acabou por ser morno demais para a temperatura ascendente da sala. Já ninguém queria mais do que ouvir quem tinha pago para ver.

O australiano de barba ruiva chega muito vestido, com o seu típico ar descontraído, a um palco com um sintetizador, um piano elétrico e uma guitarra para usar a seu belo prazer ao longo da seguinte hora e meia. Começa com “Hear it Now” e, ainda antes de passar a um particularmente bem recebido “Gold” , refere que está ali para tocar algumas músicas que criou durante a sua breve existência neste planeta. Sabia-se que o artista anteriormente conhecido como Chet Faker tinha um estilo de sedução muito cool, a roçar o hipster chic que povoa locais de brunch meio secretos meio “instagramáveis”. Também não era segredo que coloca corpos a dançar timidamente entre uma multidão que, quase sem dar conta, aceita esse pedido de movimento. Inesperada foi a energia mais rock de alguns temas como “The Trouble With Us” e “Yeah I Care”, do mais recente álbum, e uma nostalgia de um “I’m Into You” quase acústico que “não [tocava] há muito tempo”. Não faltaram os temas do último álbum Run Fast Sleep Naked (que, por sinal, parece ser a fórmula para perder peso mais rapidamente) mas o nome Chet Faker foi revisitado frequentemente ao longo da noite.

O concerto não traz nada de muito diferente, excetuando talvez uma maior partilha daqueles que considera serem os seus maiores talentos, além dos seus temas: Cleopold e Rob Sinclar. O primeiro, guitarrista, não deixou grandes saudades. Já o baterista, que vestia a frase “the future is female” e não parou nunca de sorrir, conseguiu contagiar o público em momentos chave, tanto com as baquetas como com um conjunto de sinos que usou para abrilhantar alguns solos.

“Novocaine and Coca Cola” e “Talk is Cheap” ameaçariam fechar concerto mesmo antes de um encore curto. Contudo, ficaram na memória. Muito aplaudidos, dançados, acompanhados e, claro, cantados, estes foram os temas que se ouviram mais alto. Só “Dangerous” e “Sanity” compareceram no finalzinho, a fazer lembrar Disclosure ou uma banda do mesmo género.

Em entrevista à NME, o compositor e artista referiu já não pensar sobre o que os outros acharão interessante, mas sobre o que o próprio acha que é. Claramente, Portugal está nessa lista, “esse lugar onde [damos] tanto amor”. E Nick Murphy será sempre bem-vindo para o receber.

Por defeito profissional, a Catarina Piñon Mendes escreve de acordo com o novo desacordo ortográfico.

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