Em 2002, os Ornatos Violeta anunciavam o “Fim da Canção”. Uma notícia ainda hoje difícil de digerir. Mas 17 anos depois, Manel Cruz, Nuno Prata, Peixe, Kinorm e Elísio Donas reuniram-se para celebrar os 20 anos de um Monstro que tem cada vez mais amigos, numa série de três concertos que prometiam ser épicos. Cabeças de cartaz do segundo dia do MEO Marés Vivas, Ornatos Violeta entraram em palco pontuais e foram recebidos em apoteose por uma plateia que aguardava, ansiosa, o seu regresso a “casa”. Um regresso que revisitou um pouco de todo o seu percurso.
Às 00h00 soavam os primeiros acordes do espectáculo com “Um Crime À Minha Porta”, de Cão! (1997), o primeiro álbum da banda do Porto. Pouco depois, em “Ouvi Dizer”, um dos temas mais famosos de O Monstro Precisa de Amigos (1999), o público fez-se coro e acompanhou Manel Cruz do princípio ao fim. E, para que não se sentisse a falta de Victor Espadinha a entoar o poema que encerra a canção, Carlão, que tinha atuado momentos antes, assumiu a responsabilidade, entrou em palco e deu-lhe voz. Um momento especial que não acabara ali.
Era tempo agora de recuar a 2004 e recordar o tema que uniu Da Weasel e Manel Cruz em Re-Definições. Era tempo de ouvir “Casa (Vem Fazer de Conta)”.
A camisola de Manel Cruz acabaria por não ficar muito tempo vestida. Um clássico do vocalista que, visivelmente satisfeito, seguiu o concerto por temas de O Monstro Precisa de Amigos. “Chaga”, “Dia Mau”, “O.M.E.M.” e “Capitão Romance”levaram o público à loucura e uniram diferentes gerações em uníssono.
Ainda houve tempo para “Pára-me Agora”, um dos inéditos da banda, e “A Dama do Sinal” de Cão! .
Estava na altura do primeiro adeus. A banda abandonou o palco, mas os fãs não arredaram pé por um segundo.
Os Ornatos Violeta regressariam com o inédito “Devagar”, para uma homenagem aos Violent Femmes com “Gone Daddy Gone” e encerraram com “Fim da Canção”.
Alguns fãs davam como terminado o concerto, mas houve novo encore. “Como Afundar” e “Raquel” seriam uma boa forma de acabar o espectáculo, mas foi só com “Dias de Fé” que se disse o adeus definitivo aos Ornatos, no terceiro e último regresso da banda ao palco.
Era difícil pedir mais, porque os Ornatos Violeta deram tudo neste concerto tão memorável como nostálgico que, de tão bom, deixa um travo amargo de saudade. Foi, acima de tudo, a prova de que os Ornatos Violeta “estão vivos outra vez”.
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