home LP, MÚSICA Salvador Sobral – Centro Cultural de Belém, 02/07/2017

Salvador Sobral – Centro Cultural de Belém, 02/07/2017

Salvador Sobral começou por falar da insónia pré concerto, fruto da excitação, da expectativa em relação ao momento em que aquele concerto, no Centro Cultural de Belém, iria acontecer.

Foi fácil contagiar o público com o jeito genuíno de ser e de dizer, partilhar, sem filtros. Pediu para desligarem os “bichinhos eletrónicos” em troca de um minuto para fotos, no final. Se isso não é educar públicos não sei o que será. Disse que o público pode gostar de jazz, se lho derem e pode vibrar com um solo de contrabaixo do André Rosinha, como acontecera dias atrás. Brincou com a editora que lhe repete que agora é que ele está a dar.

Os que esperavam que “Amar pelos dois“ fosse a marca do concerto enganaram-se, mas o arrependimento não teve lugar na sala. O público não podia ser mais heterogéneo e, ainda assim, pareceu rendido ao jazz e à vibração do piano de Júlio Resende, que parecia falar a cada dedilhar. Houve espaço até para vibrar com o solo de bateria de Bruno Pedroso.

Teve lugar a homenagem ao saudoso Sassetti quando apresentado o projeto de Alexander Search, de Júlio Resende, baseado na obra de Fernando Pessoa. E foi tão bonito.

A interpretação de “Nem eu” foi arrepiante e a “Excuse Me” acolhida com entusiasmo.

O encore valeu-nos um Salvador ao piano, a tocar “A case of you” de Joni Mitchell. Antes, um poema redigido pelo próprio, “180, 181”, baseado na história de um paciente em coma, que não sabe se quer acordar por saber ter causado a morte de outra pessoa… Nesse instante, descobrimos um lado mais sombrio, visceral e denso de Salvador, que nos faz adivinhar que tem mais para dar e que nos quer dar mais…

O espetáculo foi intenso, mas suave, até quando truculento. Salvador vibrou sempre, com os músicos a acompanharem em perfeita sintonia. Sim, Salvador é muito mais que o vencedor da Eurovisão. É um músico de corpo inteiro. Saibamos nós crescer com ele e ele continue a crescer na música.

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Joana Neto, por defeito profissional, escreve de acordo com o novo desacordo ortográfico.

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