Nesta abordagem plena de humanismo, onde a crítica não opõe os bons e os maus, mas antes explora a profunda ambivalência desta questão tão premente, é impossível ficar indiferente, seja à prosa incomparável do autor, seja à urgência de encontrar soluções que resgatem a nossa humanidade.
Ao olhar a enguia, podemos entender como destruímos em nome da descoberta, como comemos animais em nome da tradição, como dependemos vastamente de animais que, tal como a enguia, continuariam a nascer e a morrer no Mar dos Sargaços sem que perturbássemos irreversivelmente o seu curso.
O meu nome é Bunda, Jaime Bunda! Este James Bond angolano, fã incondicional dos filmes e livros policiais americanos, é o herói deste Jaime Bunda e a morte do americano que, com imensa graça, nos envolve na investigação das circunstâncias da morte violenta de um cidadão americano residente em Benguela, que ganha proporções políticas preocupantes. …
Sendo parte de uma obra dividida em três, já se antevia que parte da trama ficasse por contar, mas diríamos que quem não se identificar com este estilo de narrativa terá de dar luta às primeiras sensações, para poder, a final, tornar a leitura frutuosa.
Homenagem à Catalunha é um espantoso ensaio acerca de como os movimentos políticos de esquerda se permitem uma sectarização altamente perniciosa, capaz até de perder guerras (inclusivamente a do combate contra o fascismo). Demarcam-se duas narrativas aqui justapostas, ambas necessárias para compreender em profundidade este fenómeno. Primeiro, Orwell descreve com espantosa minúcia os horrores da …
É ler para entender que grandes obras não se medem em linhas.
Un-Su Kim é um escritor competente, muito mais próximo de Murakami do que de Tarantino (pegando nas referências que se podem ler), tem elegância e um tom muito pessoal, há inteligência e sentido de humor sardónico em quantidades abundantes, uma crítica social subtil
Tratando-se duma obra de ficção, é notável como consegue escapar à armadilha da caricatura no retrato que apresenta, sem comprometer a frontalidade com que o faz.
Será decerto único e intransmissível o que é que cada um descobre quando chega ao fim deste livro. Mas constatação consensual será a de que a esperança de poder um dia aliviar o fardo de carregar a existência tem uma cor: o branco.
Olga é um olhar sobre a experiência universal da guerra, de quem espera e de quem morre, assim como o retrato de uma mulher como espelho da condição feminina, das expectativas com que a sociedade a sobrecarrega, assim como as suas pequenas transgressões e atos de resistência.