E ali estão eles, com a sua linguagem vernacular e obscena, carregada de elegância na melhor tradição, como também lembra Waddington, de um João César Monteiro que conversa com Manuela de Freitas sobre sexo oral à porta do parlamento, mas sempre, sempre, acompanhado das mais requintadas bandas sonoras.
Deixar-nos surpreendidos, impressionados, desamparados, curiosos e agarrados a três horas de uma peça, num momento em que não conseguimos estar afastados mais de três minutos do telemóvel, é razão suficiente para agradecer a esta equipa de extraordinárias atrizes e atores o trabalho que fizeram.
A sala Mário Viegas, do Teatro São Luiz, recebeu a “Arte da Fome” e deixou-nos o entusiasmo amputado, mas fica o agradecimento pela escolha do texto. Saímos, talvez não todos, com vontade de o ler, ou reler, e descobrir, em silêncio, angústias que são dos artistas e de todos nós. Faltou o resto.