Orgia começa pelo final. “Pronto, eu fui um homem diferente em vida: é esta a razão pela qual me perguntei como é que pude viver em paz, do lado da ordem. É simples: escondendo de mim mesmo e dos outros a minha diversidade. Ela nunca foi examinada, compreendida, aceite, discutida, manipulada. Permaneceu virgem tal como …
Recordo em particular e não por acaso: ESTAMOS AQUI PARA TE IMPEDIR! Ide e gritai. Os irrepreensíveis atores esperam ouvir o vosso insulto. Mas é cá fora que ele terá efeito.
Dirty Monk fechou, com chave de ouro e com direito a nova ovação, um alinhamento musical colorido e vibrante: um excelente início da 27.ª edição do Guimarães Jazz.
Os talentos vocais foram acompanhados pelas tiradas bem dispostas para descomprimir, como que a lembrar-nos que tudo aquilo não passa de Arte.
Um Dom João Português não responde, a nosso ver, de forma eficaz aos questionamentos que o nome da peça promete, ao não tornar, de forma convincente, o texto-base num veículo de uma mensagem que ultrapasse as necessárias diferenças contextuais entre época de origem e época da encenação; constitui, isso sim, e não é necessariamente pouco face à crise que vivem tantas companhias de teatro, um laboratório pujante sobre as possibilidades do trabalho dramatúrgico.
Se Garbarek era, provavelmente, o nome mais sonante, foi o percussionista indiano Trilok Gurtu que mais brilhou. Demonstrando toda a sua técnica, Gurtu foi capaz de dialogar na perfeição com cada elemento e foi, também por isso, o destaque da noite.
O disco é bom, mas nada substitui ouvir este colectivo ao vivo, para confirmar que, ainda hoje, o Jazz é o único estilo musical onde nada é interdito.
Numa altura em que qualquer parvoíce se torna “viral” e os idiotas viram ídolos, os solos virulentos e insanos destes senhores justificam um hype planetário.
Numa perspectiva cronológica, The Declaration of Musical Independence é um álbum tardio na carreira de A. Cyrille, mas o vanguardismo que pauta um percurso com mais de 50 anos coloca-o sempre a par – e porventura adiante – do seu tempo. Por isso, seria prematuro considerar este statement musical unicamente pelo primado melancólico.