Entrevista Leïla Slimani – Feira do Livro do Porto 2018
Acho que a literatura existe para dar complexidade à forma como vemos a realidade. É fácil colocar as pessoas em caixas e dizer coisas simples, mas a realidade é muito mais complexa.
Acho que a literatura existe para dar complexidade à forma como vemos a realidade. É fácil colocar as pessoas em caixas e dizer coisas simples, mas a realidade é muito mais complexa.
Ao ler o livro de Leïla Slimani, lembramo-nos do brutal Shame de Steve McQueen, com a diferença de o livro nos apresentar o vício sexual de uma mulher, algo raramente visto, e tentado, a nosso ver, de forma falhada no gratuito Ninfomaníaca de Lars von Trier.
A marroquina Leïla Slimani criou uma obra ambiciosa e impactante, bem para além da derradeira página, não só pela crueza dos factos, mas pela ténue culpa que desperta em nós, testemunhas silenciosas e cúmplices de uma estrutura societária e familiar anquilosada em colapso iminente, que em Canção Doce, cede pelo lado mais fraco, com efeitos devastadores.
O prémio Goncourt 2016 foi atribuído à franco-marroquina Leïla Slimani, de 35 anos, por Chanson Douce (Gallimard, 2016), sucedendo assim a Mathias Énard no maior prémio literário francês da actualidade. O seu segundo romance foca-se num trágico infanticídio, que se baseia livremente num fait-divers que sucedeu há uns tempos nos EUA, em que uma baby-sitter matou …