A documentação extensiva, aliada à narrativa-comentário aos eventos que, embora imitando um registo historiográfico, se apoia predominantemente numa linguagem de tom lírico, resulta num equilíbrio que faz de El-Rei Junot um poderoso manual do zeitgeist europeu da altura.
Exaltamo-nos fazendo de conta que a portugalidade nunca fez mossa a ninguém, que é fofinho e enternecedor o tal retângulo ajardinado com gente boa e simpática de vinho sobre mesa. É claro que eu partilho do júbilo pela vitória no europeu de futebol ou em qualquer conquista nacional, mas não é isso que está em questão. Do que aqui falo é da patologia que, a partir de eventos desse tipo, adquire contornos psicossomáticos coletivos, a portugalidade, que não é uma característica inofensiva.