JLB está, no fundo, mais ou menos preso a um modelo a que não pode completamente fugir. Tem de pincelar a vida e esboçar a obra de um autor. (…) E, no entanto, JLB consegue evitar, quase sempre, a linearidade e a sensaboria.
Longe da pungência de Just Kids, Devoção é um livro belo e apaixonado, como quase tudo o que a “musa” vai ditando a esta incansável exploradora.
“O cheiro forte das docas de Nova Iorque entra-nos pelas narinas dentro, e as vidas que compõem o texto continuam, vagamente erráticas, em constante “fuga para a frente”. No (sub)mundo de Jennifer Egan, são pessoas que falham, cometem erros, voltam a tentar.”
O que acontece a cada leitor da Od. quando chega ao fim do poema é algo que, na verdade, as Sereias do Canto 12 anteviram (12.188): «depois de se deleitar, prossegue caminho, mais sabedor». (676).
É inevitável que, sendo esta a última obra de Sam Shepard, escrita quando já profundamente acometido pelas debilitações da esclerose lateral amiotrófica, que causou a sua morte em 2017, se lhe atribua um carácter autobiográfico. É impossível não fazer o paralelismo e fantasiar que Shepard nos deixou um breve vislumbre dos seus últimos pensamentos, mostrando-nos os fragmentos de clarividência, confusão, das quimeras e memórias que o assolaram perto do fim.
Com este O Escuro Que Te Ilumina, José Riço Direitinho põe de lado a crítica literária, em que se destacou pela excelência, para se atirar à utopia de mudar este paradigma pela sua pena, tentativa que, apesar de louvável, se fica pelas intenções.
Hoje estarás comigo no paraíso, segundo romance de Bruno Vieira Amaral, é um livro de memórias, contado na primeira pessoa, por uma personagem homónima do autor.
Nos doze contos que compõem As Coisas Que Perdemos no Fogo, Mariana Enriquez põe ao serviço da escrita princípios como fantástico, sobrenatural e, num quadrante distante, naturalismo. Que a escritora abarque tão admiravelmente esse inconciliável já deve ser tido por indício da sua força expressiva e da segurança da sua arte. Talvez não se devesse …
Rainer Maria Rilke é um exemplo raro na literatura moderna de um poeta que nunca desejou escapar às duras exigências da sua natureza humana ou da sua arte, alguém cuja obra amadureceu em pleno conjunto com a sua vida. Todos os leitores têm presente nas suas mentes diferentes imagens de poetas, cada um com distintas …
“(…) dois adolescentes que acabavam de sair de uma sessão de cinema sentaram-se à minha frente. Um deles estava a explicar ao outro que o filme que tinham visto (…) estava muito próximo da realidade: era quase tudo verdade. (…) – Já viste a quantidade de filmes que têm estreado e que são baseados em …