Como em qualquer livro de GMT, há um pouco de tudo para todos neste A Pedra e o Desenho, desde o leitor mais informado e intelectual ao completo leigo, desinteressado pela lides literárias.
Diário da Peste é um testemunho claro da nossa história recente na forma literária, mas também um acto de entrega e coragem
A atribuição do Nobel da Literatura tornou-se polémica, prejudicando o prestígio que granjeou durante décadas, mas também o laureado, cujo trabalho de uma vida é subitamente escrutinado por motivações bem para além da escrita (veja-se o caso de Peter Handke, por exemplo). Quando a Academia Sueca decide esquecer rancores e preconceitos bem públicos a escolha …
…um poderoso retrato duma época determinante para compreendermos não só a Itália de hoje, mas também o mundo como o conhecemos…
A autora parece brincar com o tempo, e também com o papel convencionado para um narrador: mais do que apresentar-nos a narrativa na 1ª pessoa, ela vai-se desvelando de dentro do próprio pensamento de um par de personagens fascinantes.
Num plano mais profundo, a prosa de Ana Teresa Pereira recorda-nos o poder paralisante do condicionamento a que a mulher está sujeita praticamente desde a primeira inspiração.
“À medida que se desloca, GMT mede diversas variáveis do seu contexto físico e emocional, colocando hipóteses e questões na sua já habitual deriva de precisão e absurdo, intercalados conforme as conveniências do momento e servidos por uma escrita sem mácula.”
«Toda a literatura é abstracta, concretas são as pedras. Não aceitar isto é aceitar a literatura como copiadora do concreto, como uma segunda mesa, ou uma segunda casa. (…) A literatura tem objectos próprios, completamente distintos dos que existem na vida dos vivos. Não confundas um escritor com um arrumador de mobílias.»
Em As Pessoas do Drama encontramos um romance sem um desfecho claro, sem explicações de enredos ou das motivações mais profundas as personagens; não estamos perante uma tragédia, mas antes perante um drama como título nos indica: um drama da perplexidade humana.
A ironia é que fica quase tudo pela alusão e presságio, e o livro termina rodeado de uma atmosfera etérea (“nada disto é real.” – pg. 121), deixando-nos a sensação desarmante de testemunhar a falsa simplicidade das grandes obras literárias.