A sua arte passa por tentar intersectar activamente ética com a estética na poesia moderna. Para Celan não pode haver poesia pura, nem poesia incondicional, e apesar de não colocar restrições à sua liberdade lírica, nunca considera que a poesia deva ser autónoma de todas as grandes questões humanas.
São poemas crus, austeros devido à ferida do testemunho trágico, mas que, longe de serem inteiramente desoladores ou muito menos depressivos, são permeados por uma hipótese de esperança distante.
Os poemas de Celan são testemunhas de pessoas que foram brutalmente eliminadas, de lugares que já mais ninguém conhece, de tradições que já nada significam. As suas palavras moram na fronteira do indizível, no limite extremo da linguagem: uma tentativa de criação após a destruição.
Com o Verão tórrido a não desarmar, nada melhor que mergulhar num livrinho e divagar por palavras e mundos alheios. O primeiro semestre de 2017 foi rico em pérolas literárias, merecedoras de um balanço dos lançamentos que nos impressionaram, necessariamente subjectivo e sujeito a reparos. Decidimos dividir a listagem por 4 artigos e 10 secções …