home Antologia, LITERATURA Grandes Discursos da História (Guerra & Paz, 2017)

Grandes Discursos da História (Guerra & Paz, 2017)

Numa simpática edição da Guerra & Paz, Henrique Monteiro traz-nos um livro que é, simultaneamente, de leitura fácil e agradável e um presente elegante que não oferecerá grandes riscos de rejeição. No prefácio, o autor da coletânea esclarece, com humildade, a sua intenção e os critérios de seleção dos discursos para figurar nesta obra: “Sabemos que, longe de ser exaustivos, apenas damos uma ideia aproximada daquilo que foi a caminhada do pensamento de líderes e lutadores. Mas não cremos que alguém possa ficar indiferente a estas palavras; alguém que no fim de as ler não tenha aprendido, refletido e, deste modo, se ter transformado.” Henrique Monteiro é jornalista profissional há 40 anos, foi repórter político e parlamentar, e esta sua veia ressoa na escolha criteriosa dos textos: marcantes, fortes, incontornáveis.

A edição é simples mas cuidada, num formato que permite que andemos de livro em punho, lendo os discursos pela ordem que nos é proposta, ou por outro critério, como a nossa preferência por quem o proferiu ou a vontade de conhecer ou recordar. A seleção feita começa pela célebre Apologia de Sócrates de Platão, “ouvimos” também Jesus de Nazaré, no seu Sermão da Montanha, recordamos a firmeza de Isabel I de Inglaterra contra a invencível Armada, comovemo-nos novamente com o sonho de Martin Luther King. Há também algumas escolhas menos evidentes – porém certeiras: o discurso de Robespierre, o Não passarão de Dolores Ibárruri, que nos enriquecem a bagagem de conhecimentos que julgávamos consolidados, mas acabamos por reconhecer já meio perdidos.

Este é um livro para quem gosta de História, mais do que para quem gosta de Política, embora grande parte dos discursos tenha sido proferido por líderes políticos e em contexto político. As palavras que, na maioria dos casos, já conhecemos, são agradavelmente relidas, fazem eco, e sorrimos por perceber que a História não nos passou ao lado. Deixou-nos marcas, palavras para saborear, repudiar ou repetir.

Diz George Santayana – numa frase simbolicamente gravada à entrada do Museu de Auschwitz-Birkenau – que aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo. Este Grandes Discursos da História, na sua singeleza e despretensão, é um elogio a estas Memórias.

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