E ali estão eles, com a sua linguagem vernacular e obscena, carregada de elegância na melhor tradição, como também lembra Waddington, de um João César Monteiro que conversa com Manuela de Freitas sobre sexo oral à porta do parlamento, mas sempre, sempre, acompanhado das mais requintadas bandas sonoras.
Deixar-nos surpreendidos, impressionados, desamparados, curiosos e agarrados a três horas de uma peça, num momento em que não conseguimos estar afastados mais de três minutos do telemóvel, é razão suficiente para agradecer a esta equipa de extraordinárias atrizes e atores o trabalho que fizeram.
“O desencanto perante a vida, único elo entre os seis personagens em estágio mais ou menos semelhante de balanço entre o que viveram, o que são, e qual a fé, ou ausência, que os move, poderia, a nosso ver, ter resultado em algo mais apelativo e que não sobrevivesse somente à custa do enorme mérito de quem dá corpo e voz às personagens e também, porque não, à memória do incontornável Dostoiévski.”