home 45 rotações, MÚSICA Orelha Negra – Hard Club, 16/12/2017

Orelha Negra – Hard Club, 16/12/2017

Duas décadas de história é sempre motivo de celebração para qualquer instituição que se preze, nesta altura em que estabilidade e perenidade são palavras difíceis de combinar com espectáculo, cultura e música. O Hard Club soube, como poucos, renovar-se e adaptar-se aos novos tempos, e, com persistência, manteve o carisma que sempre o caracterizou e cresceu, cativando grandes bandas para o seu espaço. Os Orelha Negra dispensam apresentações. Colectivo único em Portugal, juntou músicos de diferentes origens e sensibilidades, para criar um som com raízes no hiphop, mas que, com facilidade, o desintegra e supera, criando memoráveis concertos, mais parecidos com block parties do que com os espectáculos tradicionais. A sua relação com a casa aniversariante já vem de concertos anteriores, sendo o mais recente a apresentação do seu álbum anterior, em Janeiro de 2016.

Temas como “Throwback”,  “M.I.R.I.A.M.” ou “A Cura” iluminam automaticamente qualquer sala, e o Hard não foi excepção, com dezenas de ecrãs no ar a capturar o momento que faz qualquer concerto valer a pena. Com estas, vieram surpresas de grande nível, que só os mais atentos apanham, como sempre acontece com estes senhores. Desta vez foi a fantástica “McNasty Filthy” dos Jaylib (que juntou no mesmo projecto o malogrado J Dilla com Madlib) para deleite de quem a reconheceu e de quem foi para casa procurá-la.

De resto, foi o álbum mais recente Orelha Negra III que dominou o alinhamento. Exímios em cada um dos seus postos, os músicos só precisam mesmo de ter microfones e equipamento a postos para porem a máquina a funcionar, de tão bem calibrada que está. A comunicação é instantânea, o flow imparável e o ritmo rigoroso como um metrónomo. Apesar de o álbum mais recente não ser consensual, a reacção do público não deixou de ser calorosa, com a banda a dar o litro como sempre. O som de palco estava fantástico, assim como as projecções por detrás da banda, conferindo outra densidade a cada nova melodia.

Vê-los e ouvi-los é ter a nítida percepção do seu pendor internacional e ecléctico, de como resultariam em qualquer palco do Mundo com aquele mesmo alinhamento, o que torna cada novo concerto um chamariz aliciante.

Os próximos concertos aguardam-se ansiosamente, e um álbum ao vivo também não era mal lembrado. Fica o desafio.

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Foto retirada da página de Facebook da banda

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