O Rapaz Selvagem – Paolo Cognetti (D. Quixote – 2018)

“Um belíssimo livro, de escrita leve e intimista, despojada e paradoxalmente rica e plena de vida, como as montanhas de que fala.”
“Um belíssimo livro, de escrita leve e intimista, despojada e paradoxalmente rica e plena de vida, como as montanhas de que fala.”
A aventura, em si uma odisseia no tempo e no espaço, termina com a promessa de uma viagem à Guiné-Bissau, país “onde toda a gente tem o cabelo igual ao de Orlando”, mote para o segundo volume desta colecção.
Mais uma boa sugestão e ainda a tempo de fazer parte de um sapatinho neste Natal.
Sendo uma parábola ao conformismo e à resignação, a leitura de A Revolução e a reflexão sobre a sua mensagem mantém-se e, ousamos prever, manter-se-á actual pelos anos vindouros. As belíssimas ilustrações de Tiago Galo, acrescentam-lhe valor e transformam o livro-objecto-físico numa fina peça de arte.
Mas para nós, os seus leitores, os escritores nunca morrem e este livro, que os revela na sua intimidade partilhada, está aqui para provar isso mesmo.
Irmão de Gelo é um livro verdadeiramente especial na sua singularidade, de um lirismo pragmático e lúcido, destinado àqueles que, como a autora, têm na leitura a sua actividade subversiva preferida.
No momento da sua morte, Benjamim verá, pela primeira vez, o filme da sua vida, sem lente protectora, sem filtros ou jogos de luzes, confessando a angústia de conhecer o verdadeiro homem que foi.
A história é-nos contada, quase na sua totalidade, na primeira pessoa, como um diário escrito pelo protagonista, Mário Cardoso, actor carioca de meia-idade e ídolo caído das novelas que, consciente da sua decadência, tenta recuperar o brilho de outrora regressando ao início de tudo, ao teatro, com a encenação de uma versão de “Rei Lear”, tragédia shakesperiana de 1606.
Os Dead Combo estão cada vez menos sozinhos e este Odeon Hotel, produzido por Alain Johannes (que já gravou com PJ Harvey e Queens of the Stone Age), apresenta-se mesmo como um trabalho de banda, que vagueia entre diferentes estilos e latitudes, do blues ao fado, passando pelas mornas de Cabo Verde ou pelo flamenco.
A cada momento, Lemper adicionava um novo tempero, uma inflexão nunca antes escutada, garantindo que a sua performance nunca se fica pela repetição. De sorriso ocasional, olhos rasgados, esta alemã transcende-se em placo, demonstrando o que distingue uma diva de uma mera cantora.
O livro vive da importância das coisas simples, das forças telúricas da fome e do frio, simplicidade que se estende às palavras de London, às personagens, aos cenários. Sem figuras de estilo complexas, ou adjectivação criativa, o léxico usado pelo escritor é o das pedras, da água, do cansaço, da dor, do amor, da raiva, da vingança, presentes em Buck em estado bruto.