Ao olhar a enguia, podemos entender como destruímos em nome da descoberta, como comemos animais em nome da tradição, como dependemos vastamente de animais que, tal como a enguia, continuariam a nascer e a morrer no Mar dos Sargaços sem que perturbássemos irreversivelmente o seu curso.
A historiadora recusa usar a História como álibi, como aliás, denuncia que vem sendo usada.
Um livro inteligente, informativo e ultra actual, para memória futura.
Guido Tonelli, professor e físico de partículas, conseguiu dois milagres com Génesis – A História do Universo em Sete Dias: falar dos mais complexos conceitos científicos de forma interessante e tornar esses conceitos acessíveis ao comum dos mortais.
“(…) foi a indiferença das pessoas que permitiu que tudo acontecesse. Não quero de forma alguma associar esta realidade a pessoas específicas (…). O facto de nos sentarmos hoje de novo em frente da televisão a assistir a esta história terrível na Síria, o modo como centenas de pessoas fogem de lá. E depois não deixamos de passar alegremente o nosso serão. Não mudamos a nossa vida por causa disso.”
Este livro convoca ações, discursos, corporativismos, que fariam dele um poderoso romance literário, uma crónica de costumes sobre o espírito do nosso tempo. Não é. Não há ficção, há serviço público neste livro: estatísticas, tabelas, gráficos, extensa bibliografia sobre o lóbi.
“Sabemos da insuficiência da nossa sensibilidade para tanta dor que não conhecemos porque não sabemos o que é ter de, obrigatoriamente, enfrentar um deserto, um mar, com fome, com sede, com feridas, com suspeitas de estar grávida, com buracos no corpo, com perdas durante o caminho, materiais, humanas, físicas. É uma realidade que nos está barrada. “