A moral desta história, se é que é válido extraí-la, é a queda paradoxal da ideia separatista, e a necessidade de cooperação e do amor (de qualquer tipo), irmandade e/ou humanismo para potenciar evolução, sem fronteiras ou nacionalidades…
Em The Swimming Pool Party todos os ingredientes estiveram presentes: a graça, o contraste dos vários elementos, os diálogos e a história, o mistério e a imprevisibilidade, a profundidade e a verdade dos personagens, a capacidade de improviso, a proximidade do público e o talento dos actores. Talvez fosse difícil pedir mais.
Deixar-nos surpreendidos, impressionados, desamparados, curiosos e agarrados a três horas de uma peça, num momento em que não conseguimos estar afastados mais de três minutos do telemóvel, é razão suficiente para agradecer a esta equipa de extraordinárias atrizes e atores o trabalho que fizeram.
“Enquanto que qualquer personagem vê todos os seus traços e conflitos previamente definidos, o ser humano é uma entidade em constante transformação e evolução.”
“Estávamos a contar com uma peça estranha, pois estranho é o próprio romance de Boris Vian. E entendemos que, como o fez Vian ao leitor, quis Nunes desestabilizar o seu espectador. Mas não podemos dizer que tal foi conseguido com a mesma taxa de sucesso. Enquanto no romance de Boris Vian encontramos um confronto entre realidades dicotómicas e inversas, nesta peça infelizmente o espectador encontra apenas a vertente mais negra…”
A proposta de infinito, a elite de uma espécie de deuses em carne débil e fraca, esbate-se perante um apelo maior: o amor de uma mãe pelo seu filho, o amor de um homem por uma mulher, a família, a vontade incontornável de o Homem ser emoção e linguagem, perigoso construtor de utopias que, a realizarem-se, serão comprovadamente o seu maior infortúnio.
Se em dias de chuva, decidirem trocar o sofá por uma comédia fora, mas dentro de portas, espera-vos um humor inteligente que apostou na expressão corporal, em dinâmicas de improvisação que se traduziram, no palco, em ritmo, um ritmo feito, sobretudo, de boas interpretações, enérgicas, explorando a identidade e o potencial de cada um dos atores.