Num mundo marcado pelo fluxo e constante exposição a imagens, que se apresentam num scroll infinito, ou músicas das quais se escutam meros segundos para que se possa passar à seguinte e ainda a outra. Talvez seja hora de desacelerar a nossa fome voraz pelo imediato e passar à contemplação da obra artística, com tudo o que esta nos exige.
A certa altura, estamos olhos nos olhos com a cantora, enquanto esta rasteja palco fora, com a guitarra feita presa moribunda, ainda a respirar distorção. “Don’t you stop me”, canta ela; e ninguém o tentaria.
[Joana Espadinha] Deu o protagonismo à sua voz e juntou-lhe o acompanhamento que ela sempre pediu: o Pop. “Tu tens de ser sincero”, aconselha-nos repetidamente no refrão, talvez porque agora essa sinceridade transparece em cada nota e em cada sorriso partilhado.
Apesar das possíveis comparações, Feist destaca-se das demais (e muitas) cantoras folk e indie que agora dominam a cena musical, pela voz límpida de timbre particular e distinto, pela destreza como guitarrista e ainda pela energia em palco e a relação que estabelece com o público, contagiado pela alegria que a cantora parece sentir enquanto canta.
A simbiose de Hussain, Holland e Potter provou-nos, uma vez mais, que a música não conhece fronteiras. Afinal, a linguagem é a mesma…
Vijay Iyer continua a desafiar a realidade através das suas escolhas, por acreditar que a música transforma a vida a cada instante e por sentir que, com ela, é possível prosseguir a luta inacabada pela igualdade, pela justiça e pelos direitos humanos.
Todos os anos, o excesso de gente dá-me a volta ao estômago. Peço sempre aos santos e ao Álvaro Covões que alarguem o espaço sem aumentar a lotação, mas parecem fazer precisamente o oposto do pretendido.
Entre estes quatro músicos de excelência, estava um convidado especial, de seu nome Joshua Redman, com o saxofone a seu cargo. Com ele partilharam o palco dois membros do quarteto de Billy Hart que nos deu o excelente álbum All Our Reasons (ECM, 2012): Ethan Iverson no piano e Ben Street no contrabaixo.
Cara MARO/Mariana, também nós paramos quando ouvimos o teu nome. E não só não somos os únicos, como seremos cada vez mais.
Sair do seu concerto é ter saudades de a ouvir no minuto seguinte, com uma certeza: Maro/Mariana Secca não é cantora. É Música.