O romance de estreia de Yaa Gyasi é um projecto ficcional arrojado, que se espraia por séculos de História, suficientemente documentado para não ser uma fantasia ociosa, mas estribado num poder evocativo e de efabulação que transcendem a mera reprodução histórica.
“Isto não é uma história. Isto é história (…) e, no entanto, quase tudo o que tenho ao meu dispor é a memória, noções fugazes de dias tão remotos, impressões anteriores à consciência e à linguagem, resquícios indigentes que eu insisto em malversar em palavras.” (pg. 37) “Não consigo decidir se isto é uma história” (pg. 39).
São poemas crus, austeros devido à ferida do testemunho trágico, mas que, longe de serem inteiramente desoladores ou muito menos depressivos, são permeados por uma hipótese de esperança distante.
“Uma das funções da arte é, sem dúvida, substituir a fé religiosa pela eficácia da beleza. Esta beleza deve ter, pelo menos, a força de um poema, quer dizer, de um crime.” (pg. 42)
Os poemas de Celan são testemunhas de pessoas que foram brutalmente eliminadas, de lugares que já mais ninguém conhece, de tradições que já nada significam. As suas palavras moram na fronteira do indizível, no limite extremo da linguagem: uma tentativa de criação após a destruição.
A perspetiva de narração heterodiegética e a ausência de floreados literários torna a obra acessível (e dirigida) ao grande público. Mais para o final do livro, e com o autor perto da morte, surge a intertextualidade autorreferencial como que a fechar a Obra de uma vida. Será sobretudo este aspeto que explicará o sucesso deste seu último livro nos Estados Unidos.
Para que se alcance este «mundo que virá», é necessário enfrentar o momento atual, em que, sendo «uma construção social», a categoria Raça ainda segrega, exclui e mata, e ainda é fator que determina os espaços ocupados por Negros e Brancos e o valor das vidas de uns e outros.
O livro de Neil Gaiman é um reconto. Um reconto que se divide por várias narrativas sobre a génese, o apogeu e declínio dos deuses.
Este livro convoca ações, discursos, corporativismos, que fariam dele um poderoso romance literário, uma crónica de costumes sobre o espírito do nosso tempo. Não é. Não há ficção, há serviço público neste livro: estatísticas, tabelas, gráficos, extensa bibliografia sobre o lóbi.
Com traduções de Paulo Quintela, João Barrento, ou Yvette Centeno, entre muitos outros (identificados junto a cada uma das traduções), é uma edição bilingue, com poemas portugueses traduzidos para alemão, e vice-versa. O volume apresenta-se cuidado na explicação da sua organização, desde aspetos de ordem ortográfica, à informação sobre fontes consultadas, à bibliografia utilizada. Um portento, portanto, tanto para leitores portugueses como alemães.