Reza assim o manual de leitura da peça Fado Alexandrino, homónima do clássico publicado em 1983 de António Lobo Antunes: “Disse em tempos que o livro ideal seria aquele em que todas as páginas fossem espelhos: reflectem-me a mim e ao leitor, até nenhum de nós saber qual dos dois somos. Tento que cada um …
Os clássicos são sempre um chamariz para o amante do Teatro, talvez na tentativa de perceber porque tão pouco mudou na forma como se contam histórias e se constroem personagens, mas também como se estrutura uma peça de teatro. Este Para Que Os Ventos Se Levantem, o drama de Orestes, apesar de neste caso (sub) …
Uma peça estimulante e completa, que merecia mais récitas no palco do Teatro Nacional São João.
Um espectáculo memorável a todos os títulos.
Um espectáculo inesquecível, por uma equipa capaz de se colocar ao serviço do texto e da sua originalidade. O Teatro como deve ser.
Mas o verdadeiro protagonista, para o bem e para o mal, é a Palavra. A forma como o encadeamento de ideias iconoclastas, em conjunto com uma entrega apaixonada em circunstâncias limite podem, não só mudar o rumo da história de um homem e da sociedade, como o futuro de uma cultura e a força dos seus alicerces, é o verdadeiro tema desta encenação de A Morte de Danton.
A cumplicidade ante a adversidade, as gargalhadas partilhadas ao recuperarem cenas do jantar, despertam a esperança do espectador num futuro (presente?) em que, confrontados com as ruínas da uma ideia da civilização (…), sejamos capazes de rir da nossa triste previsibilidade e ineptidão e comecemos de novo, pelo princípio, com verdadeira “cola” que nunca falha e não tem preço: a honestidade, a empatia, a tolerância e o Amor.
“O Resto Já Devem Conhecer do Cinema é tanto uma peça política, quanto uma inspecção implacável da alma humana, motivo pelo qual se pode dizer que o seu fulcro é uma tentativa de entender a luta pelo poder, mas também um esforço para perscrutar os recantos mais obscuros do que significa ser humano.”
A forma transparente como os atores interpretaram o texto deixou no público a compreensão plena da humanidade das personagens, dos seus erros e virtudes e do dilema moral subjaz ao enredo. E isso, parecendo pouco, transforma esta produção dos Artistas Unidos, com encenação de Jorge Silva Melo, num espectáculo emocionante.
A dica que a misteriosa Conceição (…)dá à personagem homónima de Beatriz Batarda, parece ser a chave para desvendar o sentido último de Teatro: “o que é que passa entre os seres o que é que os prende uns aos outros ela disse-me a Beatriz vai perceber”.