“Não teorizar é também teorizar. O Manifesto Contra-Sexual de Preciado, ancorado em textos canónicos de nomes facilmente reconhecíveis, é um texto radical e agradavelmente (im)perfeito, que pretende “evitar o fechamento do discurso académico, embora continuando a utilizar algumas das suas ferramentas críticas para compreender o que fora excluído dele…”
A narrativa é construída no espaço liminar entre o silêncio que emudece e o momento em que as personagens parecem estar prestes a falar, a agir, ou até a morrer, o momento em que deixam de ser “uma ilha pequena, sem arquipélagos, e à volta o oceano desconhecido e um nevoeiro tão denso” (72).
“Chamavam-lhe Grace é um ensaio sobre a condição feminina, os mundos solitários das prisões e hospícios e ainda da origem da ciência moderna, dos primórdios do estudo do comportamento humano, a necessidade de matar e a regeneração de quem aprende a mentir, dissimular e esconder para sobreviver. “
“As histórias de Maria Judite Carvalho oscilam entre uma melancolia esmagadora e a ironia de pequenos acidentes que afastam ou aproximam estas pessoas, que parecem suspensas no espaço e tempo, longe do mundo e dos outros, fechados em casas que tanto os protegem como os isolam…”
É então necessário ler Confissões com ressalvas e como o produto de um tempo e contexto literário, partindo depois para representações mais honestas, menos problemáticas e mais feministas do que é ser travesti ou de se retirar prazer de, por momentos e de forma artificial, vestir a pele do nosso outro sexual.
“…viagem por paisagens sonoras de influências múltiplas e que solidificam o nome de Kamasi (e da sua banda) como figura crucial da música de hoje.”
“O luto é uma criatura que se domestica, alimenta e nutre durante o longo processo de cicatrização; e, quando finalmente é possível, se liberta.”
«Neste exercício de prosa delicada e detalhe minucioso sobre a natureza humana e os seus desvios – e tudo o que desconhecemos dos que nos são próximos – percebemos que apenas fica a descoberto “a verdade [que] se apresenta de várias formas (…) a verdade (…) que convém” (184).»
“Olhar o sofrimento dos outros e observar calamidades a acontecer longe de nós pode bem ser a experiência moderna por excelência, escreveu Sontag, e em A Little Life, é o sofrimento de Jude que nos força a trocar qualquer réstia de pena por possíveis vítimas da natureza cruel humana e transformá-la em empatia e regeneração.”
Para além de olhar apenas para o binarismo homem/mulher cis (…), Despentes parte sempre da experiência pessoal para abordar questões diretamente relacionadas com as mulheres, como a violação, a prostituição ou a pornografia, todas elas com direito a um capítulo individual do livro, correndo assim o risco de tornar este manifesto, potencialmente inclusivo de várias vivências do feminino (…), numa história única.