A tragédia de António e Cleópatra, sobejamente conhecida, encontra na encenação e texto de Tiago Rodrigues (estreada originalmente no D. Maria II em 2015), uma adaptação ao mundo atual, que tanto despreza as grandes narrativas. Perante a ditadura do ligeiro, da leveza, do rápido, é possível fazer pesar nos ombros de uma plateia, em uma …
Uma das mais basilares regras de todo o texto dramático, na sua aceção teórica, é a de que este propõe materializar-se numa lógica espetacular. O palco, a presença de um público, a cenografia, a luz, o som, são imanências do próprio texto escrito, adaptadas pelo encenador de forma mais ou menos conservadora, no sentido denotativo …
O que Campo minado faz, porém, é algo maior que isto: mostrar o que resta de todos os soldados que combateram e que não se suicidaram.
O cinema neste palco é cru, despido e tudo que não é estéril, mas profundo e denso, sobretudo os diálogos, é atravessado por vários buracos negros.
“Nem tudo o que luz é ouro”, diz-se amiúde quando as aparências ficam aquém da realidade. Contra todas as expectativas, foi o primeiro pensamento que nos ocorreu após a saída do Teatro Nacional S. João, com a peça Macbeth no pensamento. Com honras de abertura do quarentão FITEI 2017 (que decorre até 17 de Junho), elenco …
O Senhor Ibrahim e as Flores do Corão é uma obra do escritor francês Eric-Emmanuel Schmitt que narra, de forma límpida, fluida, com um sentido de humor mordaz e leve, a transpirar frescura, a história da relação de amizade, que gradualmente se estreita, entre um menino judeu, Moisés, e um merceeiro árabe. Na Rua Bleue, …
Por vezes, o texto parece desaparecer no embate duro com o fortíssimo conteúdo pictórico das cenas. Por vezes, os atores não nos impedem de fugir do inferno… Mas, repito, quem quer habitar a dor infinita? Quem nos pode raptar o pensamento e condená-lo eternamente? E esta também é a interpelação que o espetáculo nos deixa e fica guardada, nas entranhas, até reconquistarmos a liberdade depois do “inferno”, o inferno de Dante ou o nosso…
Sozinhos, no nosso lugar, deparamo-nos com o melhor que o Teatro ainda tem para nos oferecer: a pureza da condição humana em todo o seu espectro, sem censuras ou reservas, servida de bandeja por um texto único e actuações irrepreensíveis.
Em Dia Mundial da Dança e integrado no Festival Dias da Dança, o Teatro Nacional São João volta, depois de Antes que matem os elefantes, a dar palco à actualíssima e carregada de dramatismo temática das deslocações e migrações forçadas, em Muros, de Né Barros. A coreógrafa, em cujo trabalho esta temática também não é …
Produção do Teatro Experimental do Porto (TEP), de que António Pedro foi um dos fundadores, O Grande Tratado da Encenação é a primeira peça de uma trilogia sobre a juventude e a História recente de Portugal. Depois de se focar nos anos fundadores do TEP (década de 50), passará em seguida pelos anos 70 e pela década de 90.